Saturday, June 27, 2015

O QUE SIGNIFICA SER CRISTÃO - XV

EM MUITAS LÍNGUAS AFRICANAS você não encontra estas palavras: Misericórdia, perdão, amor, renuncia, bondade, graça, compaixão, etc; por isso quando estamos ministrando e a palavra está sendo traduzida para a língua local, quase sempre os tradutores usam palavras em português, inglês, francês e até mesmo alemão para substituir pois na língua materna a palavra simplesmente não existe. Temos experimentado situações nas quais parece que a única solução é retribuirmos aos outros da mesma maneira como estão agindo para conosco, mas isso não é verdade e nunca deve ser posto em prática por cristãos autênticos e que queiram ser mesmo seguidores de Jesus. Por isso, tanto Paulo, como o escritor da carta aos Hebreus, Rm 12:19 e Hb 10:30, escreveram o mesmo: “... minha é a vingança; eu retribuirei, diz o Senhor”. Se Deus diz que a vingança é atributo dele, portanto não cabe a nós discutir e muito menos praticar. Em Mateus 18.23-35, a parábola do credor incompassivo nos traz o ensino de que aquele que recebe misericórdia deve também praticá-la, pois se assim não o fizerem, estão passivos de receberem um julgamento muito mais rigoroso. Por isso o reino dos céus pode comparar-se a um certo rei que quis fazer contas com os seus servos; E, começando a fazer contas, foi-lhe apresentado um que lhe devia dez mil talentos; E, não tendo ele com que pagar, o seu senhor mandou que ele, e sua mulher e seus filhos fossem vendidos, com tudo quanto tinha, para que a dívida se lhe pagasse. Então aquele servo, prostrando-se, o reverenciava, dizendo: Senhor, sê generoso para comigo, e tudo te pagarei. Então o Senhor daquele servo, movido de íntima compaixão, soltou-o e perdoou-lhe a dívida. Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos, que lhe devia cem dinheiros, e, lançando mão dele, sufocava-o, dizendo: Paga-me o que me deves. Então o seu companheiro, prostrando-se a seus pés, rogava-lhe, dizendo: Sê generoso para comigo, e tudo te pagarei. Ele, porém, não quis, antes foi encerrá-lo na prisão, até que pagasse a dívida. Vendo, pois, os seus conservos o que acontecia, contristaram-se muito, e foram declarar ao seu senhor tudo o que se passara. Então o seu senhor, chamando-o à sua presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste. Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de ti? E, indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores, até que pagasse tudo o que lhe devia. Assim vos fará, também, meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas. (Mt 18.23-35) Quero te convidar para, juntos, analisarmos o texto acima em referência. A expressão “reino dos céus”, no v. 23, refere-se, por extensão, ao conjunto de todos aqueles que vivem debaixo do senhorio do Todo Poderoso, sejam eles judeus ou cristãos. Dentro desse reino vai vir a hora em que, de alguma forma durante a nossa vida, o nosso Senhor vai analisar nosso comportamento e nos enquadradar debaixo do seu juízo divino. Nossas dívidas serão cobradas. Ao suplicarmos por misericórdia elas serão perdoadas, mas além de nós a outros seres que também vivem nesse reino, neste caso os anjos de Deus que tudo veem e tudo observam. Se de alguma forma não usarmos para com os nossos irmãos da mesma misericórdia que o Senhor usou para conosco, essa atitude será informada ao Todo Poderoso e Ele cancelará o perdão que nos concedeu e nos entregará nas mãos do torturador – Satanás, que nos vai atormentar até que a nossa dívida seja completamente paga e o tempo pode ser toda a eternidade. Cuidado leitor(a), Deus está de olho em cada um de nós. Antes de Jesus vir a este mundo, o Senhor falou em misericórdia, mas a partir do momento em que o próprio Deus se auto-determina empregar a misericórdia para poder alcançar o ser humano tão caído e degenerado, é natural que ela seja posta na condição de um mandamento. Logo a seguir, ao ensinar sobre oração, Jesus reforça que somente empregando a misericórdia em nosso dia-a-dia, nossas orações terão alcance diante de Deus (Mt 6.14,15). A que conclusão isso nos leva? Que Deus não brinca com a sua Palavra, aquilo que Ele determina deve ser executado até a última letra, algumas pessoas ainda não alcançaram isso; mas Deus não fala para agradar, para brincar ou para nos fazer sorrir, pois Ele vela sobre a Sua palavra para cumpri-la (Jr 1.12).