Sunday, June 14, 2015

O QUE SIGNIFICA SER CRISTÃO - III

“Vendo Jesus as multidões, subiu a um monte e assentou-se”.(Mt 5.1) A Bíblia está repleta de citações sobre montes, sempre com episódios muito importantes ali ocorridos. Na vida de Jesus, dois montes foram particularmente importantes, mais que todos os outros pelos quais passou ou teve que subir, durante seu ministério aqui na terra. O primeiro foi onde proferiu o mais importante sermão, dentre todos aqueles que conhecemos; este não sabemos o nome. O Segundo, foi o monte chamado Calvário, Gólgota ou da Caveira, o qual Ele teve que subir para mostrar ao mundo inteiro pelos séculos a seguir, que praticava aquilo que ensinara. O ESTILO DE VIDA DE JESUS, que é o tema deste estudo sobre o Sermão do Monte, pode ser perfeitamente conhecido em uns poucos capítulos do evangelho escrito por Mateus. De uma só vez Jesus fala sobre felicidade, comportamento, pecados, ofertas, oração, jejum, preocupações, juízo divino, fundamento da igreja, portas e caminhos. Ao proferir o Sermão do Monte, Jesus assinava a sua própria sentença de morte, pois seu ensinamento contrariava tudo aquilo que os mestres do seu tempo (e alguns do nosso também), praticavam e praticam. Todo cristão que quiser viver pelos ensinos de Jesus sofrerá rejeição semelhante a que Ele sofreu. Perseguições, injúrias, calúnias, difamações e falsas acusações semelhantes as que Ele teve. Na verdade há um alto preço a ser pago, quando alguém decide seguir de perto os passos de Jesus. É interessante observarmos a citação bíblica: “… subiu a um monte e assentou-se”. Vivemos um tempo de muita pressa, rapidez, volatilidade. A palavra de ordem em muitos lugares é um antigo chavão: “tempo é dinheiro”, na verdade é isso mesmo o que importa para muitos … dinheiro e nada mais. Poucos querem parar para ensinar, e muitos menos querem parar para aprender, a cada dia surgem mais e mais métodos de ensino que prometem as pessoas algo assim: “com apenas 15 minutos diários”… etc, etc. Métodos para emagrecimento, métodos para acabar com o stress, enfim, há toda uma linha de produção de novos métodos, todos são “rápidos, econômicos e seguros”, mas e quanto aos resultados? Não estariam esses resultados na mesma proporção, embora no sentido inverso? No texto em análise o Senhor Jesus nos mostra que seu método, embora fosse econômico, pois nada custava aos outros, e seguro, pois Ele é a garantia da qualidade, tomava algo que é extremamente importante quando se quer realmente aprender: TEMPO. Ele teve o cuidado e o trabalho de subir um monte, isso aponta para o esforço natural de quem quer produzir algo realmente bom, pois do alto ele podia ver a todos, e todos podiam vê-lo, não era a distância, com livros e testes que se podem comprar em qualquer lugar, mas pessoalmente. E principalmente: Ele assentou-se, parou, tomou do seu tempo, Ele não tinha pressa. Ele sabia da importância daquilo que tinha para transmitir aos que o ouviam e por isso fez dessa forma. Este é um detalhe importante: DISCIPULADO PESSOA A PESSOA; poucos líderes ou mestres hoje em dia fazem dessa forma. O Senhor Jesus Cristo, o rei dos Reis e o Senhor dos Senhores, gastou pelo menos 3 anos e meio do seu tempo aqui na terra discipulando 12 homens diariamente e diretamente. Eu fico maravilhado com o “poder” dos mestres dos nossos tempos, pois eles escrevem livros, utilizando a Bíblia e os conceitos de Jesus e vendem esses livros a bom preço para formar novos líderes, tudo a distância, com provas e testes a distância, sem um mínimo acompanhamento diário do viver, do agir, do falar e do proceder do pretenso discípulo. É portanto perfeitamente explicável o fato de cada vez mais surgirem líderes mal formados, obreiros nanicos, verdadeiros anões espirituais, pois são formados em máquinas chamadas cursos teológicos por correspondência. Recebi certa vez na minha casa um pastor, o qual por acaso era professor de um importante curso teológico em seu estado; e quando sentamos a mesa para comer, logo em seguida entrou um obreiro vindo de Moçambique que estava conosco sendo preparado para o futuro no discipulado diário, quando esse obreiro sentou-se aquele pastor que nem sequer era branco, deu um salto da cadeira e ameaçou sair da mesa. Em outra ocasião recebi outro cristão em minha casa que me questionou pelo fato de eu ter dois novos discípulos vivendo em nossa casa, dizendo que isso era perigoso, etc, etc. Então eu lhe disse: “meu irmão, eu procuro fazer como Jesus fez, eu não conheço outra maneira de formar discípulos a não ser essa, tudo o que sei ensino para eles, é assim que faço”. Quanto a ser perigoso ou não, vejamos os resultados imediatos que Jesus colheu: dos 12 discípulos, um (Pedro) negou que o conhecia, um ( Judas) o traiu, e os outros dez fugiram, sendo que o único (João) que estava presente no seu julgamento, era pelo fato de ser conhecido de uma das servas do Sumo Sacerdote. Mas esses mesmos homens, com exceção de Judas, depois de passarem pela experiência do batismo no Espírito Santo, tornaram-se verdadeiras máquinas de produção de milagres e novos discípulos. Outro detalhe importante, um monte está sempre a céu aberto, ao ar livre, isso aponta para o fato de que a mensagem Dele é para todos os que a quiserem, não é para um grupo especial de escolhidos, mas sim para todo aquele que Nele crer. Nossa pressa muitas vezes nos impede de atingirmos os objetivos de Deus para a nossa vida. Muita gente confunde pressa e rapidez com dinâmica, isso não é certo. Embora vivamos num século em que as conquistas da humanidade dão idéia de celeridade, e o mundo quer tudo resolvido com rapidez, isso está longe de significar dinamismo. Dinamismo é crescimento, é determinação, é continuidade, é alcance, e nem sempre se consegue isso com pressa. Hoje temos pressa para tudo, nas ruas, por mais que as autoridades se esforcem em dizer que a velocidade excessiva mata e sinalizem as estradas com velocidades compatíveis com o tráfego, quase ninguém obedece, e o resultado é o numero cada vez maior de acidentes, com muitos feridos, desabilitados e mortos. E tudo por causa da pressa. Nunca se cobraram multas tão pesadas por causa das infrações de trânsito, e nunca tanta gente foi multada pela mesma razão: excesso de velocidade, e a desculpa é esta: “o mundo está com pressa”. Desde criança que escuto a mesma frase em diferentes lugares: "a pressa é inimiga da perfeição". Toda a nossa pressa hoje em quase nada ajuda. Nossos líderes não querem gastar tempo discipulando e preparando novas lideranças, a maioria dos líderes de ministérios têm medo de obreiros mais jovens e por causa disso a sucessão pastoral hoje quase sempre é acompanhada de tormantas e muito sofrimento. O nosso mestre mostrou que seu pensamento acerca disso difere muito daquilo que se pratica na igreja de hoje.