Caríssimo(a) Irmão(a) em Cristo Jesus.
Quero te contar uma história de natal que você ainda não conhece.
Num dia qualquer há muito tempo atrás, numa pequena cidade de um país sul americano, nasceu um menino, o quinto filho de uma família muito pobre. O pai, funcionário publico, de forte ascendência europeia. A mãe, uma jovem guerreira amazonense, formada e moldada nas lutas do dia a dia, filha de pai cafuso, criada nas matas, um autêntica indígena. E dessa mistura de raças, sangues e tribos, nasce um menino. Mais um, entre milhões que nasceram naquele mesmo ano em todo o mundo. Podia ter sido na Ásia, na Europa, na África e provavelmente o destino teria sido o mesmo, mas Deus quis que fosse alí, e assim foi.
Criança pré destinada aos conflitos; meningite na mais tenra idade, suspeita de paralisia infantil, malárias muitas, desnutrição e por fim a orfandade, seguida de dois anos inteiros de um terror chamado internato para órfãos, que quase lhe fez perder a consciência da realidade e da identidade como pessoa.
A rudeza e a dureza de uma infância quase perdida poucas boas lembranças lhe trazem desse tempo. Um rede surrada, um mosquiteiro que remendava todas as noites por causa dos pernilongos que insistiam em tentar achar um pouco de sangue naquele corpo magro. E por fim o descobrir o que é a fome, quando ainda se tem apenas 7 anos de idade e isso nem sequer era tema de tese dos sociólogos que ainda viriam a surgir. Sair da rede e cair ao chão, sem forças; mas … já é de manhã, e por que tudo então está tão escuro? Não sinto sono … então por que não consigo levantar do chão? Era um arrastar-se continuo, dia após dia, até chegar a mesa de madeira rustica, erguer-se com dificuldades e apanhar o bule de café forte e bem doce, conseguir com dificuldade por um pouco no caneco de esmalte, e ao sorver os primeiros goles … o milagre! As forças voltavam. Foi assim que muito antes de entrar para a Universidade, ele descobriu a fome.
Muitos anos depois, já homem, e vivendo na África, rachou lenha, preparou sopa para crianças africanas e viu algumas delas com os mesmos sintomas que experimentara 30 anos anos. Ele sabia que aquilo não era uma doença, embora elas todas estivessem doentes. Um dia, num lugar ainda mais distante, acampado junto ao povo, ouviu um alvorôço, era uma menina que se contorcia caida no chão. É demônio diziam alguns, espíritos maus, afirmavam outros, mas de repente, sua mente voltou 40 anos e viu-se no lugar dela, contorcendo-se ao chão num esfôrço para sair dele. Saiu da barraca, apanhou um pouco d’água quente, deitou sobre uma caneca de esmalte com uma saquinha de chá e deu para a menina. Mais uma vez … o milagre de forças que voltavam. Não eram espíritos maus, nem demônios e muito menos fingimento, mas sim o fantasma da fome que aparecia diante dos seus olhos para lembrar-lhe que sua missão ainda não estava completa.
Nossa história não tem um final feliz pois ainda não chegou ao fim.
Mas hoje, 55 anos depois do dia em que pela primeira vez conviveu com a realidade da fome, este menino, agora chegando à velhice, com a ajuda de uns poucos, está cuidando para que 60 crianças africanas não convivam mais com a realidade da fome.
NATAL não vem empacotado para presente. Natal é como chamamos ao dia do maior presente que o mundo recebeu do seu criador.
Obrigado por seu amor, seu cuidado, sua cooperação.
Pastor – Eliel Gomes da Silva